sábado, 15 de novembro de 2008

O Muro

Pulou ou não pulou?



José Dionísio Ladeira


Bem que Cirene, no Prefácio de Viçosa é Terna, tenha cantado a pedra: “Fora daqui, Dió, não dá para você acompanhar essas pequenas coisas...”
Estou acessando agora o Tribuna Livre e vendo lá que “o vereador Ângelo Chequer entrou no Clube Recanto das Águas por um meio ilícito e não convencional: pulou o muro. A peripécia aconteceu nas primeiras horas da madrugada de sábado (2) para domingo.”
E após detalhar o operação que causou-lhe “arranhões nas mãos” e sujou-lhe a calça “na altura dos joelhos”, eis que o jornal ainda acrescenta que “o vereador Ângelo Chequer compareceu à redação do Tribuna Livre na tarde de segunda-feira, dia 4, e permaneceu na redação das 15 às 18h15 min. Ele negou as acusações e disse que foi confundido com um rapaz de Teixeiras...”
Não, não! Nada de jogar pedras no eleito e reeleito vereador. Quem da minha juventude não passou por baixo do pano nos circos? Quem não cortou voltas pelos pastos para adentrar no campo do Atlético? Quem não pegou tabela no trem quando, nos anos 40, a enchente derrubou o aterro da linha férrea ali nos fundos da hoje Igreja Presbiteriana e empurrou o expresso noturno para a poeirenta Av. Pó H. Rolfs?
– ...
Que isso, minha Senhora! Nada de Comissão de não-sei-o-quê, ouvir o angelical edil, quebrar-lhe o sigilo telefônico, ver as anotações da sua agenda no primeiro fim-de-semana deste julho friorento, examinar as chagas em uma de suas mãos, trazer a calça suja para ser lavada na Câmara.
Tampouco vamos acusar irresponsavelmente o hipotético moço de Teixeiras que, por acaso, se parece com o nosso mascote da Câmara dos Vereadores e seja dado igualmente a pular muros...
Bobagem!
Toda a Viçosa conhece o Ângelo Chequer. Eu mesmo registrei nos exatos 2000 quando ele acabava de ser ungido pelas urnas: “... filho do Toninho, reconhecido poucos dias antes da morte do turco, sem necessidade de exame de DNA. ´Tá na cara!´” E dei inclusive um pouco da sua biografia: “Até pouco tempo fugia da escola, apertava campainha das casas e saía correndo.”
Mas lá no jornal está a palavra do vereador, nesta época de tanto disse-me-disse. E o leitor não bem afeito a coisas viçosenses quer saber:
– Afinal, pulou ou não pulou?!
Psiu!... Deixe-me ver se não há ninguém por perto... Vou falar baixo, mesmo porque, como o simpático vereador, por parte de mãe, sou também Sant´Ana:
– Pulou.

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